sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Eu bem o sabia...
.
- Claude Bloc -
.

Meus sentimentos são como um rio oculto, em cujas margens apenas eu desenho. Crescem dentro do mim, apenas isso. Pergunto-me, então, sempre o por quê, quais são as razões para essa invasão velada, mas tão contundente. Mas não tenho clarividência. Fogem-me as respostas.

São sentimentos que costumam ir e vir, num eterno balé ... Brincam comigo, tripudiam ou aparecem quando apenas tu tens a resposta. Sinto, em alguns momentos, apenas a tua evocação suave entre meus dedos entrelaçados. Pressinto teu sorriso irônico. O silêncio de todas as infâncias. A minha, a tua... Então, fico quieta, parada. Meus olhos afagam lembranças em diálogo contigo, na agitação do teu/meu coração. Interrogando-me, interrogando-te no silêncio dos lábios mudos.

Vejo-nos, então, intemporais. Sem eira nem beira, vencendo as contingências. E nessas horas, a comunicação entre nós passa a ser o balbuciar alado das horas. Como se a cada segundo nos pressentíssemos. Eu, apenas atenta ao magnetismo dos teus olhos e à evocação de tanta lembrança, assim, quando menos espero. Será que me chamas?

E só nessa hora esboço um sorriso. Liberto-me. E recuo tanto no tempo que o presente se faz passado - aquele dia. Aquele em que realmente me chamaste e, que mesmo depois de tanto tempo, eu (quase) já conhecia razão da urgência. Eu bem o sabia. Amei-te também por isso....
.
Claude Bloc