quarta-feira, 24 de junho de 2009

Estou sempre voltando ao Crato - Por Claude Bloc


Há momentos em que a emoção não consegue sem barrada nem velada. Pelo contrário, nos sentimos embebidos/as dela, encharcados/as da mais linda amizade que se pode ter. A amizade que nos chega ás raízes da vida e nos joga de volta aos longínquos laços deste sentimento mais que precioso.
Agradeço, portanto, a José do Vale por este texto a mim dedicado, quando mais uma data de meu curso de vida em mim se completa.
Escolhi o Crato para estar nessa data entre amigos. Para comemorar a vida. E para agradecer o carinho que todos têm me dedicado apenas com minha presença, pois que as palavras seriam ínfimas e insuficientes diante do que sinto e nunca conseguiriam expressar o “bastante”.
Então, me aguardem... Estou chegando. Estou sempre voltando ao Crato

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Dentre meus muitos gostares existem alguns que cultivo, que vou dilapidando e polindo, que vou cravejando com preciosas prendas. Nesta constante metamorfose, vou produzindo em mim uma eterna reforma, me tornando, nesse enredo, um verdadeiro universo em ebulição constante. Nesse universo estão meus limites (físicos ou não) e estão plantadas minhas raízes, meus melhores afetos, minhas boas lembranças. Fico então delimitada: bem ao centro está minha perspectiva de vida, mirando para o Sul do Ceará, ao norte dos meus sonhos perenes.

O Crato é sim, queiram ou não, singular nesses muitos aspectos que me aprazem, dentre os meus muitos gostares. É singular em arte, em costumes, em humor, em vida. Singular em verso ou prosa, muita prosa! É peculiar em sua maneira de ser cidade. Em seu modo de ser um recanto sempre lembrado, mesmo pelas ovelhas desgarradas pela imposição da vida. E, como já citei muitas vezes, o Crato tem um ímã do qual a gente da terra não consegue se desgrudar, pois que, quem ama o Crato não o ama superficialmente, mas o tem bem no centro da alma, como uma essência indelével e inolvidável.

Quem ama o Crato como eu, é sensível aos espinhos de suas trilhas e padece com as farpas estranhas à doçura que lhe é peculiar. O Crato é doce. Tem o açúcar das canas e dos canaviais, tem o mel no coração das pessoas que circulam pelas linhas do seu destino. Tem o tijolo de buriti que lhe serve de pilar e que assanha a verve dos mil poetas que (de)cantam a “flor da terra do sol”: “Sou teu filho e ao teu calor, amei, sonhei, vivi”.

O Crato é então esta obra de arte encravada bem no centro do meu coração (e no de todos os cratenses). Nem ao Norte, nem ao Sul. E me sinto centrada neste amor tranqüilo que equilibra meus humores. O Crato está na vanguarda, além dos limites dos pobres de espírito. O Crato é então “o meio e o curso que faz o curso se mover”. Seu povo é generoso e bom.
Mas (como bem diz José do Vale) poderíamos chamar o Crato de mundo e nele evocar a vida. Comemorar a vida em meio aos amigos, pois que nesta dimensão, em meio a eles, serei parte desse inquestionável e amado universo.

Texto e imagem de Claude Bloc

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