sábado, 23 de maio de 2009

Coisas de sábado...


.... Há coisas que nos vêm assim devagarzinho, meio (in)esperadas, mágicas ou totalmente esdrúxulas. São coisas de fato?
.... Coisas que nos inquietam, que nos atiçam, que nos trazem os sabores da noite, ou os ruídos surdos da madrugada, como o palpitar de uma lembrança, ou quem sabe, a sombra de um sonho que gostamos de manter sob as pálpebras, sem qualquer pudor. Que cores têm essas coisas?
.... Há coisas que nem revelamos. Que guardamos em nosso relicário secreto. Coisas que nos trazem de volta rostos que não podemos esquecer. Coisas que representam o presente ou o passado, e tudo o que nos é caro. São as coisas que nos acontecem no momento exato em nos deparamos com a verdade e entendemos que, no mais profundo de nós mesmos está sempre essa criança indomável que nos interpela e que nos impele às “coisas (im)possíveis”... aos trocadilhos, à liberdade (in)cômoda, ao discorrer de uma longa história (quase) sem sentido, mas tão sentida.
.... Há coisas que nos fazem tropeçar e, nos tropeços, nos fazem andar pra frente. Somos então, nesse momento, mera e simplesmente seres errantes nessa coisa que se chama vida, procurando acertar o nosso passo e nosso (p)rumo.Coisas da vida!
.... Há coisas – pois que não há outro nome para isto - que nos atropelam e, paradoxalmente, nos envolvem com o mel da doçura... Coisas, coisas tantas. Coisas que queremos manter em nosso pensamento, coisas que, de tão simples são tão intensas. Coisas que nos aquecem a alma. Coisas lindas, que não queremos findas. Coisas que tecem as nossas emoções, e que nos fazem felizes. Coisas bobas?
.... quais são essas coisas?
.... Digo: coisas que sempre prezamos, coisas de que ardentemente precisamos: o sentimento mais nobre, o sentimento mais leve...
.... Coisas que nos engrandecem e que se cristalizam no âmago do nosso ser. Como um sentimento que gruda e nos faz exultar.
.... E aí nos perdemos para nos encontrarmos na essência dessas coisas, e essa essência não cabe dentro das próprias coisas... Tentar capturar essa essência seria um pouco como tentar guardar uma gaveta dentro duma outra gaveta rigorosamente igual. De qualquer forma, quem é que disse que uma gaveta é para guardar coisas? Por que é que não podemos ter uma gaveta vazia reservada para a essência daquilo que julgamos querer ou ter?
....E de onde nos vêm essas coisas que tanto queremos e não sabemos explicar?

Por Claude Bloc

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